Na edição desta segunda-feira (13) do quadro Correspondente Médica, do Novo Dia, a cardiologista Stephanie Rizk – que substitui o neurocirurgião Fernando Gomes, em férias – comenta sobre estudo da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, que descobriu uma relação entre a obesidade e a deficiência de testosterona em homens.
O urologista José Bessa Junior, coordenador da pesquisa que reuniu 3,5 mil pacientes homens entre 45 e 64 anos, explicou as descobertas à CNN. “Historicamente, se atribui a queda da testosterona ao envelhecimento. Como mensagem importante do nosso estudo, nós não podemos demonstrar essa diferença, a idade dos homens com e sem deficiência de testosterona foi a mesma.”
“O que nos chamou a atenção foi que a obesidade esteve fortemente associada à queda dos níveis de testosterona em qualquer faixa etária. Homens obesos, com cintura abdominal maior que 110 cm, têm cinco vezes mais chance de ter essa deficiência do que homens magros”, disse.
Stephanie Rizk explicou os motivos que podem gerar o distúrbio, que tem relação direta com células do corpo. “A célula gordurosa, quando está inchada, tem uma conversão no próprio tecido gorduroso, como se funcionasse como uma glândula. Pega testosterona e converte em estrogênio, o hormônio feminino. Além disso, tem também o distúrbio da glândula hipófise, que coordena a produção de hormônios no nosso organismo.”
Rizk também abordou as características da testosterona e os riscos que o desequilíbrio pode trazer ao paciente. Segundo a médica, a situação pode se tornar um círculo vicioso. “É o hormônio masculino produzido principalmente pelos testículos. Mulheres também têm, mas em número muito menor. A baixa pode trazer diversos problemas como o cansaço. A própria testosterona baixa causa obesidade e a obesidade causa testosterona baixa. Vira um círculo vicioso.”
“Causa redução de pelos, da libido, da reprodutibilidade… às vezes, o homem fica com o peito um pouco maior, que chamamos de ginecomastia”, afirmou.
Para a cardiologista, a descoberta é animadora e pode ajudar no tratamento de pessoas que apresentam o quadro clínico. Neste caso, a realização de uma reposição hormonal pode ser substituída por hábitos mais saudáveis. A prevenção da obesidade, porém, segue sem grandes mudanças.
“O essencial tem que ser sempre relembrado. Evitar fritura, evitar comer doce, praticar atividade física, ter uma boa noite de sono… os pacientes gordinhos que acabam roncando geram o que chamamos de apneia do sono. Um sono ruim, a pessoa acaba engordando. Uma mudança de estilo de vida é sempre necessária.”
A médica também afirmou que a obesidade não está necessariamente ligada à genética e que o fator principal é o cálculo metabólico entre “o que entra e o que se gasta”. Doenças como o hipotireoidismo podem afetar a situação e criar dificuldades para o emagrecimento, reforçando a importância do diagnóstico.
Os riscos associados à obesidade, segundo Rizk, continuam sendo motivo de alerta. “Junto vem a síndrome metabólica. É o colesterol alto, o triglicerídeo alto, a hipertensão, e sabemos que isso traz vários problemas. O fim disso é infarto, derrame cerebral e uma qualidade de vida pior. Temos que tratar a obesidade como uma doença quando ela vem com outros males”, concluiu.
(Fonte: CNN Brasil)